PAULO TRANCOSO

HOmenageado

Paulo Trancoso (Lisboa, 1945) vogou pela Medicina e pela Arquitetura antes de se render à sétima arte, que começou por abordar nos anos 70, quando se inscreveu num curso de cinema, o primeiro ministrado no então Instituto de Novas Profissões.

À época, encontrava-se a cumprir o serviço militar, tendo sido com o regresso à vida civil que ingressou na agência de publicidade Ciesa, onde viria a realizar alguns spots publicitários. Em 1978, fundou a sua própria produtora, que em 1982 tomou o nome de Costa do Castelo Filmes.

Em meados dos anos 80, com o advento do home video, tornou-se um dos sócios da Publivideo, estando também entre o grupo de pessoas que impulsionou o projeto de televisão privada que daria origem à SIC.

Na década seguinte, cofundou A Máquina dos Sonhos, empresa de produção televisiva responsável por séries como “Procura-se” (RTP, 1992) e “A Viúva do Enforcado” (SIC, 1993) e pela telenovela “A Banqueira do Povo” (RTP, 1993).

Na Costa do Castelo, Paulo Trancoso assumiu a produção de filmes portugueses e a produção executiva de filmes estrangeiros rodados em Portugal, caso da adaptação cinematográfica do best-seller de Isabel Allende “A Casa dos Espíritos” (1993), “A Rainha Margot” (1994) ou “Comboio Nocturno para Lisboa” (2013).

De acordo com o nosso homenageado, o ponto alto da sua carreira é “A Selva”, transposição para o grande ecrã do romance homónimo de Ferreira de Castro, um desafio onde investiu “pessoalmente uma fortuna, que o filme nunca viria a recuperar nas bilheteiras”.

No plano cívico, foi um dos elementos mais empenhados do Movimento Alfacinha, grupo de cidadãos que, em 1985, concorreu aos órgãos autárquicos de Lisboa (usando a sigla do PPM na candidatura à autarquia, para contornar impedimentos legais), elegendo Gonçalo Ribeiro Telles como vereador. No âmbito dessa campanha, o Movimento lançou uma emissão pirata de televisão, realizada por Paulo Trancoso a partir da Costa do Castelo.

Impulsionado pelos seus ideais ecologistas, foi pioneiro em Portugal ao lançar, no ano 2000, uma revista impressa em papel reciclado e com tintas vegetais: a “Ozono”, de que seria diretor do primeiro ao décimo oitavo e último número, datado de fevereiro de 2003.

Em novembro de 2002, enquanto aquela publicação animava as bancas, indo ao encontro de um público preocupado com as questões ambientais, o nosso homenageado tornava-se presidente do Movimento o Partido da Terra (MPT), que cofundara com Gonçalo Ribeiro Telles em agosto de 1993 e de que fora, até então, secretário-geral.

Presidente da Academia Portuguesa de Cinema e vice-presidente da Fundação Ibero Americana das Academias de Cinema, Paulo Trancoso foi ainda Presidente da Associação de Produtores de Cinema e da Associação de Produtores e Realizadores de Filmes Publicitários.

À lista de galardões que têm distinguido o seu trajeto profissional, e na qual figuram o Troféu Carreira do Figueira Film Art (2018), o Prémio Carreira Curtas-Açores (2016), o Prémio Carreira Fantasporto (2011), o Prémio de Melhor Produtor, atribuído pelo festival Bragacine (2011), o Globo de Ouro pela produção de “A Selva” (2002) e o Prémio Nova Gente (1998), junta-se agora este tributo prestado pelo CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários.

O PROGRAMA DO ÚLTIMO DIA / CLOSING PROGRAM

10:00 – 13:00

MASTERCLASS (GRÁtis / FREE)

From talent to success, keys to develop as a filmmaker

Fàtima Vilà, CEO, FX Animation 3D & Film School

10:00 – 13:00

MASTERCLASS (GRÁtis / FREE)

Post Production and VFX for independent Film

Viviana Niño, Postproduction, FX Animation 3D & Film School.

15:00 – 16:20

encerramento / closing

ENTREGA DE PRÉMIOS / AWARD CEREMONY

Entrega dos prémios escolhidos pelos júris e pelo público. Homenagem a Paulo Trancoso, presidente da Academia Portuguesa de Cinema, pelo seu percurso cinematográfico e ambiental.

Handing out of the awards chosen by the juries and the audience. Tribute to Paulo Trancoso, president of the Portuguese Film Academy, for his dedication to cinema and  the environment.

16:20 – 18:00

FILME DE ENCERRAMENTO / CLOSING FILM

PARE, ESCUTE, OLHE / STOP, LOOK, LISTEN

Jorge Pelicano 

Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.

Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.

Esta é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.

ENCERRAMENTO / CLOSING

Portugal

106 min.

 

Produzido por Paulo Trancoso